Se observada dos céus, a imponência verdedo Parque das Dunas, segunda maior reserva ambiental do Brasil, está cercada: de um lado pela expansão imobiliária, que cria, aos poucos, uma “cortina de prédios” nos bairros de Petrópolis e Tirol. Do outro, pela ocupação irregular do solo nos bairros de Mãe Luiza e Nova Descoberta. Aos 36 anos, mais uma cerca se aproxima: a construção da via expressa da Avenida Roberto Freire, que prevê a desafetação de 4,5 hectares do parque.
Hoje, não é possível sequer dizer qual a área atual da reserva, reconhecida pela Unesco como posto avançado de reserva da mata atlântica e patrimônio mundial da humanidade. O único levantamento da extensão da mata atlântica preservada foi feita em 1989, na elaboração do primeiro – e único – plano de manejo do parque. O documento delimita as áreas da reserva e permite as áreas permitidas para ocupação. Previsto para ser revisado a cada cinco anos, o projeto do novo plano ainda aguarda na gaveta do Instituto de Desenvolvimento do Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (Idema).
Na primeira vez em que foi cercado, em 1977, ano da criação, o parque possuía 1.350 hectares. Na época, já era identificada a ocupação ilegal das áreas de encosta, principalmente pelo bairro de Mãe Luiza – até então uma favela. No levantamento feito em 1989, só foram registrados 1.172 hectares.
A discrepância, segundo a atual administradora do parque, a bióloga Mary Sorage, pode ter significado perda de área para ocupação humana – ou não. “Pode ter significado perda, mas eu acredito que era só uma diferença que tínhamos em termos de tecnologia. Era questão de equipamentos. Eu acredito que o contorno não mudou”, afirma.
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