A euforia dos dirigentes de clubes integrantes da Liga Sul-Minas-Rio foi respondida com cautela pela cúpula da CBF. Uma hora após o fim da reunião, o secretário-geral Walter Feldman declarou que a criação de um torneio já no próximo ano ainda depende do encontro de “uma solução adequada a todos”.
A reunião entre dirigentes e o presidente Marco Polo Del Nero durou menos de duas horas, e na saída os presidentes de clubes vibraram com a declaração de Del Nero de que “abraçava a ideia”. Mas, segundo interlocutores, a expressão se referia à criação da liga, e não da competição entre os clubes que a compõe.
“O sistema do futebol é muito articulado. Envolve a CBF, as federações e os clubes brasileiros. Portanto, a resposta em relação a isso tem que ser uma resposta articulada”, comentou Feldman. “O presidente (Del Nero) se comprometeu a, nos próximos dias, estudar os vários departamentos ligados a essa questão, notadamente a área jurídica e de competições, para nós termos o resultado adequado.”
A criação de um novo torneio encontra resistência em federações, que temem a perda de força dos campeonatos estaduais. A Federação de Futebol do Rio (Ferj), por exemplo, já elaborou uma nota se manifestando contrária à competição. A entidade, apoiada por 14 dos 16 clubes que disputarão o Carioca do ano que vem (apenas Flamengo e Fluminense, que estão na liga e rompidos com a Ferj, não apoiaram), diz que a articulação é ilegal.
Sobre isso, Feldman divagou. “O Gandhi dizia que a busca da paz não é colocar o conflito debaixo do tapete. O conflito tem que ser estudado, analisado. Você tem que agregar aquilo que é impositivo de todos os lados. Há um sistema de organização do futebol, através da CBF, das federações, dos clubes. À vezes manifestações desse tipo podem criar dificuldades, que serão analisadas do ponto de vista estatutário, regimental e organizacional do futebol para ver se é possível uma solução que seja adequada a todos.”
Segundo o dirigente, o prazo de 48 horas para que a CBF tome uma posição oficial pode se estender. “O presidente, em determinado momento, falou em 48 horas. Mas é evidente que os demais departamentos podem reivindicar um período um pouco maior. É uma decisão muito importante, portanto ela tem que ser tomada com muita sabedoria, muita sensibilidade e com o tempo adequado”, afirmou Feldman.
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